quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ferreira Gullar

Uma parte de mim é todo mundo
outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa,
ponder aoutra parte delira.
Uma parte de mim almoça e
jantaoutra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem
outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte- que
é uma questão de vida ou morte -será arte?

sábado, 22 de dezembro de 2007

Gosto dos venenos mais lentos,Das festas mais poderosas,Das bebidas mais amargas,Das vitórias mais difíceis,Das paixões inesperadas,Das idéias mais loucas,dos pensamentos mais complexos e dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz, os delírios mais doidos,E um coração bobo...Vc pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:E DAÍ ?? Eu adoro voar !!!!

Mui Bom!

Manual de Como Falar Bem

Prosopopéia flácida para acalentar bovinos(Conversa mole pra boi dormir)
Colóquio sonolento para gado bovino repousar(história pra boi dormir)
Romper a face(Quebrar a cara)
Creditar o primata(Pagar o mico)
Inflar o volume da bolsa escrotal(Encher o saco)
Impulsionar a extremidade do membro inferior contra a região glútea de alguém(Dar um pé na bunda)
Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das unidades de acampamento(Chutar o pau da barraca)
Deglutir o batráquio(Engolir o sapo)
Colocar o prolongamento caudal em meio aos membros inferiores(Meter o rabo entre as pernas)
Derrubar com intenções mortais(Cair matando)
Aplicar a contravenção do Sr. João, deficiente físico de um dos membros superiores(Dar uma de João sem braço)Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira(Nem a pau)
Sequer considerar a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais(Nem que a vaca tussa)Sequer considerar a utilização de instrumentos metálicos derivados do ferro(Nem ferrando)
Derramar água pelo chão através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente(Chutar o balde)
Retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica(Tirar o cavalinho da chuva)

http://filosofiasdebotequimdopadilha.blogspot.com

domingo, 9 de dezembro de 2007

Pense como um mané e conquiste seu mané


Americana maluca lança livro em que diz, entre outras coisas, que na primeira transa as mulheres só devem fazer papai-e-mamãe. E também aconselha que as mulheres enganem os homens. Faça respiração de ioga para ler este texto
Nunca um livro causou tanta indigna­ção na equipe da Tpm como o Pense como um Homem e Conquiste o Seu, de Giuliana DePandi. Prontas para as pérolas? “Não se mostre muito interessada em crianças, bebês e cachorrinhos. (...) Não fique toda melosa – ele vai achar que você está louca para ter um filho.” E, na dica 24, assusta de novo: “Na primeira transa, não faça nada ousado demais. Você vai ficar parecendo uma vadia. Fique no papai-e-mamãe o má­xi­mo possível... Sempre que ele tentar alguma coisa ousada, diga a ele que está com vergonha, assustada ou que aquilo parece ‘indecente’". Sim, finja que você é frígida, não goze, não aproveite. Homem não gos­ta de mulher que gosta de sexo e o que im­porta é agradá-los para conseguir casar, nos ensina a autora deturpadora! “Nunca, de jeito nenhum, beije no primeiro encontro” (bem, então não é primeiro encontro). A pior de todas: “Não termine o namoro, a menos que tenha outro em vista”. Ela diz que a gente deve, enquanto está namorando, ter um substituto em mente. Claro, es­se homem estepe deve ser mais gostoso (ou mais rico) que o anterior.
Vamos quei­mar este livro com toda a nossa ira.Não vai lá (e avisa todo mundo para não ir): Pense como um Homem e Conquiste o Seu, Giu­lia­na DePandi, editora Planeta.

Por que nos apaixonamos?

Por que reconhecemos alguém que nos desperta a vontade de autenticar o passado ou de zerar nossos passos na estrada? Adoro estar apaixonada, beijar na boca e ficar toda taquicárdica. Exercitar a inocência e o desejo que temos no organismo é natural, mas saímos por aí fingindo saber de tudo que temos que fazer.E por enquanto ficamos assim... Acordamos de manhã para ir viver o mundo. Nessa hora, o mundo é tudo o que não é o sono... Somos insuspeitos dormindo e podemos abusar do amor. Ser natural é marcante na vida. Quando exigimos esse perfil de nós mesmos, a inversão de valores ocorre e perdemos a naturalidade.Muitas vezes nos desapaixonamos e produzimos em conjunto um desconforto castigante. Quando vem a reação pelo cansaço, vamos matando o mal-estar até o estado de impercepção crônica. Pronto, conseguimos desprezar aquilo que era importante ou percebemos que era irrelevante! O excesso banaliza, tipo barulho de avenida com carros passando ininterruptamente. Chega uma hora em que o barulho vira um silencioso ruído.Agora deixamos o longo “por enquanto” tornar-se um “viver apesar de”. Mesmo sabendo que temos substâncias suficientes para nos apaixonar, ainda perpetuamos o receio de sermos visitados por alguém que nos retire da constância cotidiana. Usamos disfarces para nos distrair e não precisar nos envolver no nosso próprio roteiro. Como assistir à novela na casa dos outros, parece que não assistimos a ela.Para alguns, poucas coisas na vida são melhores que a sensação de comer um chocolate no momento da fissura por aquele gostinho. Outros, nem mesmo fazendo amor na Ilha de Santorini, se entregam à paixão. Neste texto, vale qualquer coisa que induza o entusiasmo a se sobrepor à razão. Tem que ser natural. E, para se apaixonar... é preciso se dar alta. E quando o amor se desintegra? Um dia é tudo que se sente e num outro dia foi desfeito. Quem faz isso? É o tempo. Ele manda e desmanda feitiços. Cartas velhas e acumuladas se esvaem de importância. Assim como os excessos, as faltas também perdem valor.O tempo e o ventoNa madrugada, quando meu sono é interrompido, meus pensamentos ficam severos e meu mundo mental dicotomiza, oscilando entre certo e errado. Quando chega a manhã, sou agraciada por um misto de gentileza e vontade intensa, alterando a severidade para uma concepção de dia em que existem certos, errados e muitas outras coisas... Nesse momento fica claro que somos a principal razão da nossa paixão. Nos apaixonamos quando estamos precisando nos reinventar.

Mais uma festinha




Galerinha reunida para comemorar os 23 anos da Cassiane em sua mais bela nova casa no dia:08/12/2007.

Persio,Eu,Milla,Fausto(que tirou a foto),Thais,Samara,Ariel,Sabrina,Rosemberg,Cassiane,Bercle.
Cassi FELICIDADES!

O não texto

Você não está lendo um texto. Você está dormindo numa rede, atravessando um farol, comprando um porta-clipes, fazendo arroz integral, prendendo os cabelos, assistindo doctor House, vendo sua cachorra espreguiçar. Sei lá, qualquer coisa. Mas você não está lendo esse texto. Eu também não estou escrevendo pela trigésima vez sobre gostar de alguém. E tentando entender todos os 567 contras e 876 a favor. E tentando metaforizar um cheiro, um olhar, uma frase. E tentando descrever minha dor só para dar a ela algum patamar mais interessante do que a simplicidade de uma simples dor. E tentando supervalorizar minha alegria, só para dar a ela um gosto de vitória como se jamais fosse cotidiano ser feliz. Eu não estou de frente para uma folha em branco. Tentando tornar meus personagens mais interessante e meus sentimentos mais nobres. Eu estou de frente para eles, vendo que meu personagem pode ser sem graça e meu sentimento pode estar morrendo. Este é um não texto porque cansei da minha covardia em me contar um mundo que eu invento para viver melhor. Cansei de me contar um personagem só para que suspirar não seja um simples movimento involuntário. Cansei de me contar uma história linda, só para que os dias não corram sem magia e sem a certeza de um grande final de filme. Imagina só que vida chata se eu, ao invés de escrever um texto de amor, cheio de esperança, profundidade, dor, maluquice, tesão, estivesse escrevendo um texto assim: e ninguém é interessante e eu, pra ser sincera, não gosto de ninguém. Triste, muito triste. Chato. E pior do que tudo isso: anti-literário. Como é que um escritor vai se sustentar com um coração vazio? Mas chega. Hoje decidi que estou prestes a assumir meu coração vazio. Não decidi isso movida por uma grande coragem ou por um momento de iluminação. Nada grandioso aconteceu. Apenas sinto que dei um pequeno, quase imperceptível, passo para uma vida mais madura. Eu simplesmente não suporto mais pintar o céu de cor-de-rosa para achar que vale a pena sair da cama. Não posso mais emprestar mistério ao vazio, vida ao oco, esperança ao defunto, saliva ao seco. Não posso mais emprestar meus desejos para que pessoas se tornem desejáveis. E, finalmente, não posso mais inventar amor só para poder falar dele. Recebo e-mails de muita gente que me fala “que coragem escrever assim sobre o amor”, “que coragem ir tão fundo na sua dor”, “que coragem sentir tantas coisas a flor da pele”. Mas pelo menos hoje quero me desafiar a fazer algo muito mais difícil. Quero não sentir nada. Quero descansar meu coração de saco cheio das minhas invenções e precisando se preparar para viver algo de verdade. Como será que é acordar e não esperar nada com o toque do celular, da campainha, do messenger, do e-mail, do ar, do chão? Como será que é sentir e gostar da vida pela sua calmaria e banalidade? Como será que é viver a banalidade sem achar que isso é banal? Este é um não texto. Pra falar de um não amor. Pra falar de um não homem. Pra falar de uma não fantasia, invenção, personagem. Esse é um texto a favor da vida, pra falar da vida. A vida com seus defeitos, cinzas, brancos, estagnações, paradas, frios, silêncios, amenidades. A vida que pode não acelerar o peito e deixar tudo com estrelinhas de purpurina. Mas que é incrível por ser real. A vida que não se escreve mas se vive, mesmo que isso, muitas vezes, seja ainda mais difícil que qualquer regra gramatical ou construção literária.
Você não está lendo um texto. Você está dormindo numa rede, atravessando um farol, comprando um porta-clipes, fazendo arroz integral, prendendo os cabelos, assistindo doctor House, vendo sua cachorra espreguiçar. Sei lá, qualquer coisa. Mas você não está lendo esse texto. Eu também não estou escrevendo pela trigésima vez sobre gostar de alguém. E tentando entender todos os 567 contras e 876 a favor. E tentando metaforizar um cheiro, um olhar, uma frase. E tentando descrever minha dor só para dar a ela algum patamar mais interessante do que a simplicidade de uma simples dor. E tentando supervalorizar minha alegria, só para dar a ela um gosto de vitória como se jamais fosse cotidiano ser feliz. Eu não estou de frente para uma folha em branco. Tentando tornar meus personagens mais interessante e meus sentimentos mais nobres. Eu estou de frente para eles, vendo que meu personagem pode ser sem graça e meu sentimento pode estar morrendo. Este é um não texto porque cansei da minha covardia em me contar um mundo que eu invento para viver melhor. Cansei de me contar um personagem só para que suspirar não seja um simples movimento involuntário. Cansei de me contar uma história linda, só para que os dias não corram sem magia e sem a certeza de um grande final de filme. Imagina só que vida chata se eu, ao invés de escrever um texto de amor, cheio de esperança, profundidade, dor, maluquice, tesão, estivesse escrevendo um texto assim: e ninguém é interessante e eu, pra ser sincera, não gosto de ninguém. Triste, muito triste. Chato. E pior do que tudo isso: anti-literário. Como é que um escritor vai se sustentar com um coração vazio? Mas chega. Hoje decidi que estou prestes a assumir meu coração vazio. Não decidi isso movida por uma grande coragem ou por um momento de iluminação. Nada grandioso aconteceu. Apenas sinto que dei um pequeno, quase imperceptível, passo para uma vida mais madura. Eu simplesmente não suporto mais pintar o céu de cor-de-rosa para achar que vale a pena sair da cama. Não posso mais emprestar mistério ao vazio, vida ao oco, esperança ao defunto, saliva ao seco. Não posso mais emprestar meus desejos para que pessoas se tornem desejáveis. E, finalmente, não posso mais inventar amor só para poder falar dele. Recebo e-mails de muita gente que me fala “que coragem escrever assim sobre o amor”, “que coragem ir tão fundo na sua dor”, “que coragem sentir tantas coisas a flor da pele”. Mas pelo menos hoje quero me desafiar a fazer algo muito mais difícil. Quero não sentir nada. Quero descansar meu coração de saco cheio das minhas invenções e precisando se preparar para viver algo de verdade. Como será que é acordar e não esperar nada com o toque do celular, da campainha, do messenger, do e-mail, do ar, do chão? Como será que é sentir e gostar da vida pela sua calmaria e banalidade? Como será que é viver a banalidade sem achar que isso é banal? Este é um não texto. Pra falar de um não amor. Pra falar de um não homem. Pra falar de uma não fantasia, invenção, personagem. Esse é um texto a favor da vida, pra falar da vida. A vida com seus defeitos, cinzas, brancos, estagnações, paradas, frios, silêncios, amenidades. A vida que pode não acelerar o peito e deixar tudo com estrelinhas de purpurina. Mas que é incrível por ser real. A vida que não se escreve mas se vive, mesmo que isso, muitas vezes, seja ainda mais difícil que qualquer regra gramatical ou construção literária.

Por Tati Bernardi
http://www.tatibernardi.com.br

sábado, 24 de novembro de 2007

"Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco a dor no peito
Não diga nada sobre meus defeitos
E não me lembro mais quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor assim descontraído..."

"A dor me maltrata a cada dia que passa, parece que não terá fim."

domingo, 18 de novembro de 2007

A Internet não é ringue

Você já discutiu relação por e-mail? Não discuta. O correio eletrônico é uma arma de destruição de massa (cerebral) em caso de conflito. Quer discutir? Quer quebrar o pau, dizer tudo o que sente, mandar ver, detonar a outra parte? Faça isso a sós, em ambiente fechado. Pessoalmente a coisa pode pegar fogo, até sair agressão verbal e mesmo física. Mas a chance maior é que vocês terminem praticando o melhor sexo do mundo e trocando juras de amor eterno. Brigar por e-mail é muito perigoso. Existe pelo menos um par de boas razões para isso. A primeira é que você não está na frente da pessoa. Ela não é “humana” a distância, ela é a soma de todos os defeitos. A segunda razão é que você mesmo também perde a dimensão de sua própria humanidade. Pelo e-mail as emoções ficam no freezer e a cabeça no microondas. Ao vivo, um olhar ou um sorriso fazem toda a diferença. No e-mail todo mundo localiza “risos”, mas ninguém descreve “choro”. Eu sei disso, porque cometi esse erro. Várias vezes. Nunca mais cometerei, espero. Principalmente quando você ama de verdade a pessoa do outro lado. Um tiroteio de mensagens escritas tende à catástrofe. Quando você fala na cara, as palavras ficam no ar e na memória, e uma hora acabam sumindo de ambos. “Eu não me lembro de ter dito isso” é um bom argumento para esfriar as tensões. Palavras escritas ficam. Podem ser relidas muitas vezes. Ao vivo, você agüenta berros te mandando ir para e/ou tomar em algum lugar. Responde no mesmo tom rasteiro. E segue em frente. Por e-mail, cada frase ofensiva tende a ser encarada como um desafio para que outra parte escolha a arma mais poderosa destinada ao ponto mais fraco do “adversário”. Essa resposta letal gera uma contra-resposta capaz de abalar os alicerces do edifício, o que exigirá uma contra-contra-resposta surpreendente e devastadora. Assim funciona o ser humano, seja com mensagens, seja com bombas nucleares. Ao vivo, um pode sentir a fraqueza do outro e eventualmente ter o nobre gesto de procurar poupar aquelas trilhas de sofrimento e rancor. Ao vivo, o coração comanda. Por e-mail é o cérebro que dá as cartas. E só Deus sabe o quanto podemos ser inconseqüentes e cruéis quando entregamos o poder ao nosso segundo órgão preferido, segunda a sábia definição de Woody Allen. E tem o fator fermentação. Você recebe um e-mail hostil. Passa horas intermináveis imaginando qual será a terrível, destrutiva resposta que vai dar. Seu cérebro ferve com os verbos contundentes e adjetivos cruéis que serão usados no reply. Aí você escreve, e reescreve, e reescreve de novo, e a cada nova versão seu texto está mais colérico, e horas se passam de refinamento bélico do texto até que você decida apertar o botão do Juízo Final, no caso o Enviar. Começam então as dolorosas horas de espera pela resposta à sua artilharia pesada. É uma angústia saber que você agora é o alvo, imaginar que armas serão usadas. E dependendo do estado de deterioração das relações, você poderá enlouquecer a ponto de imaginar a resposta que vai dar à mensagem que ainda nem chegou. É por isso que eu aconselho, especialmente aos mais jovens: se for para mandar mensagens de amizade, se é para elogiar, se é para declarar amor, use e abuse dos meios digitais. E-mail, messenger, chat, scraps, o que aparecer. Mas se for para brigar, brigue pessoalmente. A não ser, claro, que você queira que o rompimento seja definitivo. Aí é só abrir uma nova mensagem e deixar o veneno seguir o cursor.

Dagomir Marquezi (Texto tirado da revista info exame, jan 2006)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

PALAVRAS E ATOS

Inegável é a energia contida nas palavras; alguns filósofos orientais sempre pregaram que: “palavra é verbo”.
Quando dizemos as coisas começamos a ensejar os seus efeitos, mas apenas quando o que afirmamos parte de convicções internas e sob o influxo de sentimentos sinceros.
Em um ser honesto a palavra corresponde à idéia que tem dentro de seu ser.
O que se diz é importante, pois, mas quando coincide com a energia que dimana de nossa mente.
Existem, portanto, falsas afirmações, promessas vãs, demagógicas, traiçoeiras cuja energia emanada da mente do malfeitor não corresponde ao texto do que escreve ou ao que fala.
Há quem diz “sim” pensando em “não”...
Há quem diga vou fazer isso, mas, pensando “nunca isso farei”...
A palavra só é sincera e digna quando se identifica com a idéia que procura traduzir.
Os falsários não falam com sinceridade, não escrevem e nem dizem o que deveras desejam ou pensam.
Esses seres viciosos vociferam o que os outros gostam de ouvir ou esperam escutar, mas, agem exatamente de forma contrária.
Mostram-se tocados pelo que dizem, chegam até a chorar para mascarar a falsidade que encobrem com as mentiras que pregam.
Essa foi e ainda é a plataforma dos tiranos, demagogos, vaidosos e paranóicos como o mundo político tem tanto, há milênios, apresentado e ainda hoje os mostra para o aplauso das massas ignorantes.
Não foram poucos os homens de rara inteligência e sabedoria que se rebelaram contra essas grossas mentiras e não temeram afirmar sobre o que sinceramente pensaram.
Um orador renomado, o padre Antônio Vieira, de forma destemida, na Capela real de Lisboa, em 1655, afirmou: “uma coisa é o governador e outra a coisa que o governa”.
E complementou em sua famosa pregação dizendo que “palavras sem obras são tiros sem bala”, metaforicamente comparando a luta entre Davi e Golias, quando o pequenino matou o gigante, como um efeito de sincera energia e não de barulhos enganadores.
Evocou também os fenômenos da natureza onde raios matam, relâmpagos são vistos por alguns, mas, trovões todos tendem a escutar.
Com isso desejou afirmar que palavras mentirosas, mas profusamente repetidas e alardeadas muito impressionam, mas, se não há realização que a elas corresponda acabam por produzir apenas o falso.
Não merece crédito quem diz uma coisa e faz outra...
A História julga esse tipo abjeto de gente, como o fez com Catilina, Calígula, Nero, Hitler, Stalin e tantas outras aberrações humanas.
Pensar firme e dignamente é começar a dar forma a atos dignos que se materializarão, porque se lhes dá energia competente para tanto.
Pensar indignamente mesmo falando e escrevendo palavras dignas é criar a oportunidade para que o mal se concretize porque há sempre uma inexorável vitória da essência sobre a forma.
Se a essência está deteriorada não há probabilidade de a forma ser sadia...
O sucesso nas relações, na vida, muito depende de comparar entre o que se escuta, lê e aquilo que se constata como realidade.
Há 2.500 anos Buda já afirmava que nunca se deve acreditar em algo simplesmente porque foi dito, mesmo quando quem diz tem poder ou porque a fala se repete por longo tempo, mas, sim somente naquilo que se comprova como verdade.

Antônio Lopes de Sá

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Elipse

E assim, num rompante, percebi o tanto que gosto de você. Foi como aquela pancada de chuva de verão que cai sem avisar, ainda que a gente devesse saber do risco ao andar por São Paulo sem guarda-chuva em pleno março. Minha vontade era correr até você e ficar grudada, feito ímã de geladeira. Acordar, comer, rir, descansar, tudo junto, sem parar. Nós: tão diferentes, tão iguais. Você, sólido, eu, quase vôo. Eu sem raízes, você cajueiro. Estou sempre azul e você, rosa. Sua voz grave contrasta com a minha, desafinada. Para ouvi-lo até fico calada, esqueço do tanto que tenho a dizer sobre tudo, sempre. Escuto e digo sim, como discordar desse brado persuasivo? Só uma força absolutamente impensável, uma chuva de inundar o Pacaembu, para me tirar do meu universo, tão meu, tão eu, tão pacífico como um jardim de Burle Marx.
E lá estou eu doida para ficar encharcada, doida de medo de explicitar tal disparate, porém. Você tem saudades? Eu cancelaria minha visita anual ao dentista, a festa do amigo, a manicure semanal, o cinema com a amiga, a aula que tenho de assistir, o curso que me comprometi a dar. Por mais dez minutos seus. Desmarcaria o sorvete com o irmão, a caminhada com o grupo, o corte de cabelo. Só para ficar com você sem dormir, sem fazer nada a não ser massagem nos seus pés, talvez. Desligaria meu telefone, sumiria de casa, nunca mais ligaria um computador e me livraria de todas as distrações mundanas, como livro, jornal, revista, sol. Quero parar de fingir que não me entrego, pois já me entreguei. Abandonaria meu emprego, meu carro, minha avó e cairia em seus braços que nasceram para me abraçar, embora tenham abraçado tantas outras antes, por engano. Quero falar que acredito, sim, em tudo que você diz pelo simples fato de ser você quem diz.
Tragaria toda essa paixão, a engoliria só para saber como pulmões e estômago responderiam a tal estímulo. Disponibilizaria todos os meus órgãos, meus poros a você, para não perder um segundo seu. E revelaria tal doidice em um alto-falante daqueles que exaltam as delícias da pamonha, para a cidade toda escutar. No entanto, a estiagem durou tempo demais: agora, na chuva, percebo que não adianta contar isso tudo. Não adianta tanto querer. Você já, já perceberá meu engodo. Provavelmente não sou tão bonita, elegante, alta, atleta, magra, inteligente, generosa, divertida assim. E certamente nem mesmo tão morena assim eu sou. Será que o amor rejeita elipses? Ou só vive por elas?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"De tudo o que ele me deu , o pior foi um pé na bunda.."
Permita-se

11/11/2007

Por mais que vc lute, enquanto ñ chegar sua hora , vc ñ ira vencer. Aprendi que por mais que vc se esforce , nunca chegará a lugar nenhum sem amor. Aprendi que às vezes as lágrimas valem mais do que mil sorrisos. Hoje aprendi que chorar vale a pena. Hoje aprendi que por mais que vc corra, vc ñ chegará lá se não tiver dado o 1º passo, porque as vezes corremos, mas sem destino algum, ñ sabemos para onde ir. Muitos dizem “deixe a vida me levar para onde quiser” Mas às vezes vc ñ conhece sua própria vida. Na vida aprendi que muitos gostam das coisas que vc tem , e não de vc.Tenho medo de tantas coisas. Às vezes até de ser feliz. Aprendi que todas as coisas acontecem no seu devido Momento, então pq lutar diante de uma guerra Se o destino está a nosso favor? Bobagem, o destino É nosso e ninguém pode mudar senão vc mesmo. Ame as pessoas em sua volta sem se preocupar com o amanhã. Pq quem saberia dizer se irá chover amanhã? As melhores coisas estão nos pequenos detalhes...

sábado, 10 de novembro de 2007

Feio!

"Enquanto algumas pessoas fazem de tudo para serem marcantes,outras agem naturalmente tornando-se inesquecíveis."

Diferente de tudo e de todos isso que me encanta,por essas e outras que você se tornou tão especial pra mim.Seu feio mais feio de todos.

Eu te amo!!!


Saudade que dói.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

The Killers

Sempre que uma situação começa a ficar boa ou simplesmente começa, solto minhas frasezinhas bombas. Não sei se com isso quero realmente foder a minha vida ou me proteger de me foder. Acho que segundos antes de explodir tudo, penso assim: se eu falar a frase mais errada do mundo, só os realmente fortes sobreviverão. O que eu não percebo é que no começo de alguma coisa, ninguém ainda é realmente forte para agüentar minhas frasezinhas bombas. E todo mundo, sem exceção, acaba correndo assustado. E no dia seguinte eu acordo com aquele misto de vitória com tristeza. Sozinha novamente. Como se isso fosse um prêmio mas também uma doença. Dentre as minhas frasezinhas bombas tenho três prediletas “to morrendo de saudades de você”, “a vida sem amor é uma merda” e “você me dá pouca atenção”. Quase nunca to morrendo de saudades de alguém, não existe a menor chance de eu amar algum desses trastes que me aparecem e caguei se eles me dão ou não muita atenção. Mas ainda assim falo, ainda assim mando uma frase dessas. Só pra ter o triste prazer de ver o covarde ficando branco, escondendo os dentes, enfiando o pinto no cu. E sumindo finalmente da minha vida. É o jeito que arrumei de me rebelar contra essa hipocrisia masculina. Eles podem dormir na casa da gente, enfiar o pauzinho no meio das pernas da gente, pedir uma torradinha com requeijão de manhã, mijar pra fora do nosso vaso, contar a vida deles e pedir mais carinho nas costas. Mas não suportam ouvir no dia seguinte um simples “gosto de você”. Covardes de merda. Odeio essa hipocrisia masculina. Se eles falam mil vezes que querem te ver é tesão e você não pode se assustar, mas se você falar uma única vez que quer vê-los, é porque você é uma mala que está “misturando sentimentos”. E eles podem se assustar. Que preguiça desse planetinha dos macacos e suas bananas. E sigo com minhas frases matadoras. “Pensei em você hoje”; “Voltei antes pra te ver”; “Vamos nos ver hoje?”; “Vamos comigo na festa da minha amiga?”; “O que você vai fazer no feriado?” E tenho cada dia mais nojo de como frases ditas pra ser agradável soam como um assassinato. E tenho nojo de pensar que quando você tira o controle deles, eles não sabem mais o que fazer com você. “O que eu vou fazer com uma mulher que eu já conquistei?” Que tal continuar conquistando todos os dias, seu idiota? Que tal viver uma história que passe da primeira página? Tenho cada dia mais nojo de como as pessoas se consomem e não se conhecem, não vivem nada. Não sabem nada da vida da outra a não ser o tamanho dos peitos e se o desenho dos pêlos é mais para Claudia Ohana ou bigodinho do Hitler. Sempre lembro de uma vez que fui passar cinco dias com um namorado no alto de uma montanha e ele me apareceu com um verdadeiro “kit putaria”. Passou antes no sex shop e comprou de óleo de massagem a roupinha de enfermeira. Tenho certeza que fez isso porque pensou “que porra vou fazer com uma mulher cinco dias em cima de uma montanha a não se trepar”? Se fosse algum dos seus amiguinhos eles poderiam rir, se divertir, beber, conversar, apostar corrida, jogar videogame, brincar na piscina, fazer trilha. Mas com uma mulher? Um ser estranho chamado mulher? Que porra ele iria fazer não é mesmo? Homens acham que a página 1 é trepar e a página 2 é casar. E como têm pavor da 2 (e quem disse que as mulheres também não têm?) acabam nunca saindo da 1. E nisso conversas incríveis, descobertas maravilhosas e histórias lindas morrem antes mesmo de nascer. Eles podem te comer mas jamais passear de mãos dadas com você. Isso tudo me dá um bode profundo. Mas no fundo tenho mais bode é de mim. Por ter dito frases desse tipo para pessoas sem nenhuma magia, sem nenhuma poesia. E que ao invés de enxergar beleza enxergaram “carne ganha”. E no fundo eu nem sentia nada por essas pessoas, estava apenas testando a hipocrisia do mundo. Estava apenas comprovando que se tratava apenas de mais uma “carne podre”. Acho de verdade que a puta da Glenn Close estragou a vida de algumas mulheres. Basta você dizer um inocente “você é legal” pro cara achar que você vai se mudar pra casa dele, mergulhar o poodle dele numa panela fervendo e parir trigêmeos bem no dia do futebol com os amigos. Da onde eles tiram que somos tão assustadoras? A gente só quer ter com quem rir no final do dia e ganhar alguns beijos no lugar certo. Nada muito diferente do que eles querem. Mas cansei. Definitivamente cansei. Cansei de um mero “nossa, tava pensando em você” equivaler a um “nossa, tava pensando em você de terno e gravata no altar de uma igreja”. Já que pouca coisa assusta tanto, decidi que agora vou jogar pesado. Daqui pra frente minhas frases matadoras vão ser de “quero ter um filho seu” pra pior. Quem quiser sair comigo vai ter de ouvir “posso dormir aqui?” ou ainda “acho que posso me apaixonar por você”. E quem sobreviver a esse verdadeiro extermínio de pretendentes, vai descobrir que eu sou só mais um ser que morre de medo do amor e da convivência. Vai descobrir que falo as frases erradas justamente pra espantar as pessoas e não ter mais trabalho. Mas de verdade (e dessa vez sem medo de assustar ninguém) adoraria encontrar alguém que resolvesse correr esse risco junto comigo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Barraqueiros corações

Sim, homem é frouxo, só usa vírgula, no máximo um ponto e virgula; jamais um ponto final.
Sim, o amor acaba, como sentenciou a mais bela das crônicas de Paulo Mendes Campos: “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar...”
Acaba, mas só as mulheres têm a coragem de pingar o ponto da caneta-tinteiro do amor. E pronto. Às vezes com três exclamações, como nas manchetes sangrentas de antigamente.
Sem reticências...
Mesmo, em algumas ocasiões, contra a vontade. Sábias, sabem que não faz sentido prorrogação, os pênaltis, deixar o destino decidir na morte súbita.
O homem até cria motivos a mais para que a mulher diga basta, chega, é o fim!!!
O macho pode até sair para comprar cigarro na esquina e nunca mais voltar. E sair por ai dando baforadas aflitas no king-size do abandono, no Continental sem filtro da covardia e do desamor.
Mulher se acaba, mas diz na lata, sem metáforas.
Melhor mesmo para os dois lados, é que haja o maior barraco. Um quebra-quebra miserável, celular contra a parede, controle remoto no teto, óculos na maré, acusações mútuas, o diabo-a-quatro.
O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.
Nem no Crato...nem na Suécia.
Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” sem uma quebradeira monstruosa.
Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.
O mais frio, o mais “cool” dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.
O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.
O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira criatura ou com o primeiro traste que aparece pela frente.
E vamos ficando por aqui, pois já derrapei na curva da auto-ajuda como uma Kombi velha na Serra do Mar... e já já descambarei, eu me conheço, para o mundo picareta de Paulo Coelho. Vade retro.

De Xico Sá.

Pôr-do-sol.

De Tati Bernardi.

Ela está prestes a perder a graça. Mas ainda tem algumas horas. As melhores horas da sua vida. O banho que antecede o sexo é o melhor do mundo. Ela jamais perde tempo se sentindo por dentro, se valorizando tanto, como quando se prepara para alguém. Tem até aquele esfoliante de erva cidreira que ela só usa quando está se preparando para alguém.Escolher a roupa é o inverso de vestir um defunto. É como se fosse a última roupa do mundo, mas nesse caso para celebrar a vida. Uma roupa para sempre.Escovar os dentes também é uma tarefa mais cuidadosa quando se vai doar o gosto da vida para alguém. Ela escova a língua, bem funda, e não sente ânsia de vômito. Sente ânsia, mas é diferente. Uma explosão eminente que não vai explodir. O coração pode estourar, o estômago pode estourar, a cabeça pode estourar, mas não estoura. Ela inteira é uma festa de fogos de artifício que não acontece. Mas os olhos brilham o segundo antes de acontecer.Quando ela pega o elevador, é como se dissesse para cada um dos moradores do seu prédio familiar. É como se batesse na porta deles e dissesse que enquanto eles comem carne requentada com arroz sem graça. Que enquanto eles comentam que o Jornal Nacional ta um saco. Que enquanto eles atendem o telefone forçando uma simpatia aguda que soa como uma sirene de desespero. Ela vai dar. Ela vai dar. Ela vai dar. Ela vai provocar em alguém um mistério que para ela é a única coisa que importa no mundo e para eles mais alguma coisa sem importância. Apesar do mundo inteiro dizer que são os homens que dão mais importância para isso. O rádio nesses dias sempre colabora. Sempre toca músicas boas e aquele CD que andava sumido sempre aparece depois de alguma brecada. Aos pés da ocasião. Tudo está aos pés da ocasião. E o espelhinho então revela a mulher que ela é de verdade. Não aquela com preguiça de se pentear e com a sobrancelha por fazer. Mas a mulher que ela é. Ela nasceu maquiada, com esses olhos cheios de brilho e de vida, e essa boca querendo engolir o mundo, digerir o mundo, sentir o mundo, chupar o mundo. Nesses dias até sua coluna fica ereta. Músculos nascem, celulites morrem, cinturas afinam. Seu cheiro natural são todos esses artifícios que ela misturou para o grande momento. A mentira toda é a única verdade que existe.Sua rua não é apenas a rua que desemboca na rua que desemboca na avenida. Tudo é sedutor. Virar uma esquina, furar o farol, dar uma seta. Tudo compõe uma trilha de sexo. Tudo leva ao sexo. Ela vai dar. Ela vai dar. E a cidade até que é bonita com esses motoqueiros tirando finas. A cidade pulsa. E os bancos de couro ensebado dos táxis e as peruas Kombi. Tudo pulsa. Ela não tem nojo de nada. O halls preto purifica tudo, transforma o mundo em um lugar até que interessante e prepara seu hálito para o único momento que realmente importa nesses dias chatos. O momento em que ela vai arrancar tudo o que a protege de mergulhar em si mesma. Ela vai mais uma vez amar sozinha, mas tudo bem. Todos os outros dias que chegam para curar esse momento, nada mais são que a espera e a preparação para outro machucado. É como se ela fosse um ponto de interrogação incompleto. E precisasse daquele furo que vai ao final do ponto de interrogação. O pingo final de uma dúvida que começa nela e não termina em lugar nenhum. Para ela então poder ser inteira uma dúvida. Tão inteira que completa. E sentir o mistério da vida. E não entender nada mas estar no mundo. Ser mundana. E voar. E tudo isso de tão absurdo e maluco, vazio. E a dor do vazio. E tudo isso que vem depois. Mas ainda não é a hora. Por enquanto ainda tem graça dizer coisas malucas e forçadas e verdadeiras ao estilo “hoje acordei assim”. Por enquanto tem graça renegar um abraço ou abraçar com desespero. Por enquanto tem graça molhar o lábio inferior e prolongar ao máximo os segundos.E ela jura que todos que estão parados no trânsito sabem como ela cheira bem. Ela jura que todos sabem o quanto ela está limpa porque não existe limpeza maior do que os minutos que antecedem sujeira. Ela jura que vai transar com o mundo e o mundo vai transar com ela. Rússia, Holanda, Japão, todos sabem onde ela está indo. E todos vão com ela. Não existe poucos amigos, não existe “pequenices” de alma, não existe chorinhos baixos. O que existe é um mundo que pulsa no meio de suas pernas e o meio das suas pernas pulsando no mundo. É o minuto da alegria mais plena e da solidão mais povoada. Ela vai dar. Ela vai dar.O porteiro poderia morrer por ela. A mulher no elevador poderia mata-la. Ela é causadora de grandes catástrofes mas também poderia salvar o mundo.Quando ele abre a porta, seu coração se parte em dois. Ela sabe que se trata do ser mais amado do universo. Mas sabe que também se trata de mais um ratinho de laboratório que tem vida e importância curtas. Ela vai precisar ama-lo desesperadamente para conseguir se abrir. Mas ela sabe que isso é apenas uma droga barata e não proibida que ela toma para sentir a vida e poder comer a si mesma. E depois vomitar a si mesma. E resgatar seus pedaços azedos como um porco faminto. Ela sabe que tudo só acontece dentro dela.Ela está prestes a perder a graça. Mas ainda faltam alguns minutos. Os melhores minutos da sua vida. Naquele minuto que antecede uma coisa tão banal quanto encaixar duas pecinhas de lego para formar uma ponte, ela é a única mulher do mundo. E se ela disser que quer morrer, comer um abacaxi ou escutar o som de um dedão do pé estalando. Ela será a única mulher do mundo. A melhor do mundo. E então a vida, maravilhosa como é, diz baixinho no ouvido dela: ir embora agora, sendo a única mulher do mundo, mas não trepar com esse cara. Ou trepar com esse cara e ser apenas mais uma mulher do mundo. E então, apenas porque também precisamos da banalidade para não explodir com a vida, ela abre as pernas e perde totalmente a conexão com a Rússia, a Holanda e o Japão.E as ruas são apenas ruas. E os motoboys, e as peruas Kombi, e os taxistas. E os faróis infinitos. E tudo leva a um caminho longo de queda sem almofadas. E o espelhinho revela uma mulher que precisa de banho e demaquilante. O CD some novamente e o rádio toca mais uma modinha idiota. E ela é só mais uma. Mas pelo menos ela deu. Ela deu. Ela deu.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

SAUDADES DA PORRA!!!
Gerúndio
Sei tão pouco de você. Qual seu prato preferido, pizza, churrasco, salada? Será que come milho? Não sei se gosta de voar, se já esquiou na neve, se anda bem em pedra, não foge de água funda. Se prefere Chico a Caetano, gato a cachorro, inverno a verão. Se é analógico ou digital, tecnológico ou simples. Não conheço seus pais, irmãos, não tenho idéia se é melhor em pingue-pongue ou pebolim; em vôlei ou basquete. Não sei se caminha, se conhece Praga, Japão, Havaí, qual a viagem mais sensacional que já fez. Se é homem do mar, do mato, urbano.
Sei, sim, que gesticula sem parar quando fala. Nessas horas acompanho, hipnotizada, suas mãos no ar.
Será que gosta de surfar ou prefere mergulhar? Ou troca os dois por uma cerveja gelada na sombra de uma amendoeira? Aliás, gosta de uísque? Cidra? Tequila, será? Ou apenas água? Não conheço seus medos. Não sei dos tombos que levou, pouco posso inferir sobre sua cor preferida. Azul? Laranja? Preto? Não sei se gosta de dormir de bruços, encolhido. E de manhã, torrada ou pãozinho? Fruta ou iogurte? Ou tudo junto e mais ovo mexido e café preto? Não sei a marca do seu creme dental, quantas vezes faz a barba por semana, se usa protetor solar como sua dermatologista gostaria.
Sei, sim, que franze a testa e em seguida sorri só com os lábios quando fica curioso.
Será que samba bem? Teria paciência para ensinar-me? Costuma chorar? Por qual motivo? Novela, música, pela perda de alguém querido, ao cair de mal jeito em uma partida de futebol? Ou será que segura tudo e dissolve com remédio para úlcera depois? Sentava nas cadeiras da frente ou nas de trás na escola? Tirava notas altas? Já combinava tão bem bom humor e seriedade naquela época? Será que lê mexendo os lábios? Toca violão, decorou o hino nacional inteiro, sabe declamar I-Juca Pirama "Sou bravo / sou forte / Sou filho do Norte"? Sei lá.
Sei que meu rosto vibra quando imagina as pontas dos seus dedos se aproximando.
Nada sei de antigas namoradas, quem o feriu, se você aprontou, se fugiu, foi bobo, criança. Se vê televisão no domingo à noite. Quais são seus piores defeitos? Seus vícios? Acho que isso não quero saber não. É teimoso, estabanado, egoísta? Crê ou duvida? Será que percebe ironias, inseguranças? Desconfio que você consegue me ver, mesmo com os meus habituais disfarces ativados.
Mas não sei e não perguntarei. Quero descobri-lo aos poucos, como se você fosse um livro intrigante que me tenta a uma leitura rápida, porém que vale uma cuidadosa pesquisa para que possamos desfrutar melhor cada capítulo, folha, linha, palavra, espaço.
Conheço seu olhar um segundo antes de me beijar. E gosto. Por hora, isso basta.

sábado, 4 de agosto de 2007

Melhor impossível!

"Você foi o melhor dos meus erros A mais estranha estória Que alguém já escreveu E é por essas e outras Que a minha saudade faz lembrar De tudo outra vez.... Esqueci de tentar te esquecer Resolvi te querer por querer Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade Sem nada perder."

Necessário!

terça-feira, 24 de julho de 2007

PERFEITAAAAAAAAAA

Sinais De Fogo

Quando você me vê eu vejo acender
Outra vez aquela chama
Então pra que se esconder você deve saber
O quanto me ama...
Que distancia vai guardar nossa saudade
Que lugar vou te encontrar de novo
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver...
Quando eu te vi, que te conheci
Não quis acreditar na solidão
E nem demais em nós dois
Pra não encanar...
Eu me arrumo, eu me enfeito, eu me ajeito
Eu interrogo meu espelho
Espelho que eu me olho
Pra você me ver...
Porque você não olha cara a cara
Fica nesse passa não passa
O que te falta é coragem...
Foi atrás de mim na Guanabara
Eu te procurando pela Lapa
Nós perdemos a viagem...
Quando você me vê eu vejo acender
Outra vez aquela chama
Então pra que se esconder você deve saber
O quanto me ama...
Que distancia vai guardar nossa saudade
Que lugar vou te encontrar de novo
Fazer sinais de fogo
Pra você me ver...
Quando eu te vi, que te conheci
Não quis acreditar na solidão
E nem demais em nós dois
Pra não encanar...
Eu me arrumo, eu me enfeito, eu me ajeito
Eu interrogo meu espelho
Espelho que eu me olho
Pra você me ver...
Porque você não olha cara a cara
Fica nesse passa não passa
O que te falta é coragem...
Foi atrás de mim na Guanabara
Eu te procurando pela Lapa
Nós perdemos a viagem...
E quando você me vê eu vejo acender
Outra vez aquela chama
Então pra que se esconder você deve saber
O quanto me ama...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Só Hoje

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir
Hoje eu preciso te abraçar
Sentir teu cheiro de roupa limpa
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria
Em estar vivo
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar
Me dizendo que eu sou causador da tua insônia
Que eu faço tudo errado sempre
Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje

Show perfeito do Jota Quest no sábado 07/07/2007.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Eu quero ser enganada

Todo mundo sabe que Acarajé com Vatapá vai terminar em dor de barriga no dia seguinte. Mas imagine só se o dono do restaurante avisasse: tudo bem, senhorita, mas coma sabendo que você vai acordar se cagando toda às três da manhã e, por causa do calor e ar seco, vai acabar também desidratada e vomitando bile. Você se aventuraria a ter os melhores trinta minutos do seu verão comendo tais iguarias? Dificilmente. Você sabe que uma pizza inteira não combina com os ponteiros do relógio avisando que já passa das onze da noite e sabe perfeitamente que se o peixe cru estiver "passado" é hospital na certa. Mas tem prazer maior do que dormir preenchido até a testa da melhor invenção do planeta ou mergulhar os molenguinhos no shoyo? Agora imagine se o entregador de pizza te contasse que depois de devorar tanta massa e tanto queijo você vai sonhar com o espírito sem cabeça do Saddam invadindo o seu quarto? Imagine se o baiano do restaurante japonês fizesse um discurso sobre salmonela enquanto você tenta se divertir com seus amigos? Sabemos bem dos perigos do mundo. Você sabe que não deve pegar aquela faixa de ônibus vazia na Rebouças, ainda que as outras pistas permitidas estejam paradas há mais de uma hora. Você sabe que não deve beber muito champanhe na festa da firma sem ter nada no estômago. Sabe que deve evitar multidões (eu pelo menos sei), evitar pastel de feira com aquele óleo preto que já dura meses, evitar falar mal dos outros, mentir, falar o nome de Deus em vão e comer amanteigados e suas gorduras trans. Mas vai dizer... vai dizer que meter o pau na estúpida que foi eleita a mais gostosa da firma não é uma delícia (sem trocadilhos, tô falando de falar mal mesmo)? Vai dizer que ver todo mundo se fodendo naquela avenida sebosa e só você naquela faixa proibida não é apoteótico? Que pagar um bom mico na festa da firma não pode ser a coisa mais engraçada da sua vida? Bolachinhas gordurosinhas fazem valer qualquer veia entupida, se acabar de dançar até desmaiar num ensaio de escola de samba faz valer essa encarnação no Brasil, mentir que você tem médico e ir brincar de médico com o novo estagiário pode ser ainda melhor que pastel de feira. Deus meu, e como pode! Mas você não quer saber antes. O valor da multa, a queimação da gastrite, o tempo que dura uma mentira, o dia do juízo final, a vergonha do dia seguinte, o desmaio. Tudo isso te espera, você sabe, você pressente, mas você não quer saber antes. Você não quer tragar a vida vendo a fotinho do pulmão preto do outro lado do maço. Você sabe que ela está lá, mas você só enxerga o slogan "um raro prazer". Ninguém vive a vida pensando no dia seguinte, caso contrário, apenas deitaríamos e esperaríamos a morte. Afinal, como dizem por aí: só ela é certa. Então, por que raios os homens resolveram agora, ao menos comigo, pular toda a introdução melosa, fictícia, cinematográfica e maquiavélica da sedução e ir direto ao assunto? Acabo de receber a trigésima proposta da semana: oi, você gostaria de dar para mim? Eu sei que sou culpada. Eu sei. Primeiro eu publico um texto no meu site dizendo que estou há meses sem sexo de qualidade. Depois lanço um livro chamado "A mulher que não prestava". Fora que sou uma mocinha nada Barbie (com uma coluna na Vip, só pra piorar) e minimamente inteligente, daí aos trogloditas acharem que não mereço ser enganada e irem direto ao assunto. Agradeço a consideração. Mas assim como estraga saber antes que o vatapá pode ser assassino ou que muito vinho pode causar cirrose hepática, que mulher quer ouvir: muchacha da teta satisfatória, eu vou te comer lindamente, mas vou acordar no dia seguinte dando a você a mesma importância que dou ao novo filme do Didi Mocó? Homem é tosco mesmo. Ou prometem trigêmeos numa vida de bangalôs e estrelas ou te olham com aquela cara de açougueiro. Caminho do meio, rapazes! Já diria o Buda. Em tempo (melhor explicar): e ele não estava se referindo a uma vagina. Não, eu não quero que ninguém me prometa nada que não possa me dar. Sou realmente uma mulher inteligente, moderna, bacana e se for para abrir as pernas para um ator, prefiro que seja logo para o Caco Ciocler (tô tarada por esse cara). Mas eu definitivamente preciso do glamour da sedução. Quem não precisa? Um homem só deve ir direto ao assunto se for redator publicitário e tiver de vender um produto em um banner de Internet. Mas na vida real... mais empenho, rapazes! Ou: prostitutas têm aos montes, e bem mais gostosas e divertidas do que eu. Custam menos também, já que tenho gostos refinados e adoro presentes caros. Eu definitivamente quero ser enganada. Nem que seja por uma única noite de prazer. Eu quero sim que abram a porta do carro para mim, que o restaurante seja à luz de velas, que o cd do carro seja bom, que ele use perfume, coloque sua melhor camisa e me diga coisas inteligentes. Afinal, muito melhor do que uma bela trepada é poder ligar para as amigas no dia seguinte e dizer: se aquele filho da puta só queria me comer, por que me enganou? Desgraçado!

Tati Bernardi

Amor amandita

Já que não estou nem aí se ele percebe ou não minhas celulites e estrias, desfilo pelada e tranquila, enquanto como uma caixa de amanditas. Ele arregala os olhos: o que essa louca ta fazendo pelada no meio da sala sendo que a gente ainda nem se beijou? Ele pede pra usar o banheiro, talvez pra conferir o bafo ou a cor da cueca. E eu me vejo na típica situação que qualquer mulher louca adoraria: sozinha com sua carteira e celular. To nem aí de saber sua vida. A quantidade de recadinhos femininos no seu celular ou de canhotos suspeitos no seu cheque têm a mesma importância pra mim que a quantidade de carrapatos no cachorro do vizinho. Ignoro qualquer pista e continuo devorando minhas amanditas, esse sim um assunto importante. Se ele vai ligar amanhã? Não sei, não quero saber e não tenho raiva de quem sabe. Não tenho raiva de ninguém. Não tenho raiva das moças que já passaram pelo seu corpo, não quero degolar as moças que talvez ainda passem e tampouco me chatearia pensar que muitas ainda passarão. Não me importa se você vai ficar meia hora ou uma hora inteira. Não me importa se o homem que vai sair do banheiro gosta mais ou menos de mim ou por inteiro. Nada me importa, a não ser o desejo de te empurrar naquela cama e experimentar de novo aquele movimento meio ponto e vírgula que você faz. Não sei explicar. Não lembro o nome de ninguém da sua família, não quero conhecer seus amigos, não preciso que você me abrace depois e não faço questão de ser a mulher da sua vida. O que me importa mesmo, e isso sim mais do que as minhas amanditas, é que você tem o dito cujo meio torto, de uma tortura que encaixa em algum lugar que eu nem conhecia. Talvez eu fosse virgem de cantinho antes de te conhecer. Você me preenche e me cavoca como ninguém. Não tenho medo de parecer vulgar caso você me queira de quatro. Não tenho medo de ficar barriguda caso em vá por cima. Não tenho medo de ficar com cara de idiota ou de gritar muito alto. Não tenho medo de nada, afinal, a gente só tem medo do que a gente ama. Se me der sono eu durmo, se me der vontade de falar um palavrão alto, falo. Se me der vontade de te expulsar da minha casa: rua! E o mais fantástico de tudo é que já que estou tão à vontade, já que meu cérebro louco não está vivendo nem no passado e nem no futuro e apenas no presente do seu corpo quentinho e cheiroso e já que nada em mim dói porque nada em mim sonha... eu nunca senti tanto prazer em toda a minha vida. Será que não amar ninguém e amanditas são o segredo da felicidade?
Tati Bernardi

domingo, 1 de julho de 2007

"Porque chorar por alguém que não te ama?"Porque tocou logo essa musica agora?Q merda ..eu juro ..juro mesmo..que estou tentando com todas as minhas forças,mais não estou conseguindo.Porque?porque?Fotos,mensagens,cartas, flores, ferrero roché e de quebra logo essa musica bem tosca pra me fazer lembrar de você que está tão longe de mim e tão vivo em meu pensamento.Um dia eu juro que eu vou conseguir.E um dia eu sei que você vai gostar de mim o quanto eu gosto de você.
Quem sabe um dia.

Hoje eu chorei com o caminhão de gás

A primeira coisa que eu vi quando abri os olhos foi a minha cachorrinha me espiando triste do corredor, eram quatro da manhã e eu já sabia que não iria dormir mais. Meu sono é interrompido de duas em duas horas por um pânico horrível que paralisa meus órgãos e só deixa viva a bile que toma todo o meu corpo e me faz querer vomitar até virar do avesso. Eu arregalo os olhos para o teto, fecho minhas mãos com uma força que quase faz com que minhas unhas cortem minhas palmas e deixo a onda da dor vir, ela me sacode inteira, me joga numa profundidade sem som e me afoga por completo. Abro as janelas porque preciso de ar, mas nunca tem ar para meu pulmão afogado. Coloco o santinho que meu avô me deu no peito e peço a ele: você já morreu por amor, não deixe acontecer o mesmo comigo. Amar dói tanto que você volta a lembrar que existe algo maior, você se lembra de Deus, você se lembra de vida após a morte. Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. Amar dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria. Você apela pra todo e qualquer santo, pra cartomante, pra ex-namorado, pra tarólogo, astrólogo, psicólogo, numerólogo, amigo e apela até pra inimigo. Qualquer um, pelo amor de Deus, tire essa dor de mim. Não adianta, não vou dormir mais. Mas vou fazer o que então? Minha cama me lembra você, minha cachorra me lembra você, beber água me lembra você, viver me lembra você. Vou me levantar agora e ir para onde? Tomar banho? Tomar café? Não tenho nenhuma vontade de existência, seja de vaidade ou gula. Só quero ficar deitada, mas ficar deitada também dói. O mundo não tem posição confortável pra mim, aonde vou, essa merda de dor horrível vai junto. Chorar não adianta, eu seco de tanto chorar e não passa. Ver TV, falar ao telefone, dançar, gritar, escrever, abraçar minha mãe, tomar suco de manga… nada adianta. Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim. Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto. Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista. Minha cachorra pede um biscoitinho, aí eu choro porque eu lembro que você adorava dar biscoitinho para ela. Está sol, e eu choro porque você ficava feliz com o sol e você feliz era tão perfeito que eu tinha medo. Aí eu vou escovar meus dentes e choro porque você tirava sarro da minha escova elétrica, depois eu faço xixi e choro porque a gente tinha liberado o xixi de portas abertas. Eu abro o guarda-roupas e choro porque eu não quero ficar bonita, eu não quero dar a volta por cima, eu não quero ficar bem pra você ver que eu estou bem e quem sabe ter saudades. Choro porque acho ridículo os jogos da vida, qualquer coisa é ridícula perto desse amor que é tão simples e óbvio. Quando finalmente eu consigo me arrumar em meio a esse rio de lágrimas, eu choro porque o caminhão do gás passou e aquela musiquinha idiota, mais algumas crianças berrando na quadra lá embaixo e mais dois passarinhos cantando na minha janela, me lembram que a rotina, a alegria e a pureza ainda existem, apesar de você não estar mais aqui. Nada, nada aconteceu para o mundo. E eu me sinto minúscula e sozinha por não ter a cumplicidade da vida lá fora, por não ter um minuto de silêncio pela nossa morte, por ter que sentir tudo isso sozinha, entre escovas de dentes, xixis e roupas dobradas e cheirosas. Odeio a ordem de tudo, odeio a funcionalidade de tudo, odeio que a TV ligue, que o telefone toque, que meu estômago peça comida, que japonesas riam fora de hora, que meu carro corra, que a bola quique duas vezes antes e, principalmente, que você, não muito longe daqui, sorria. Dirijo até meu trabalho sem nada dentro de mim a não ser um monstro parasita que se alimenta do meu desespero, nenhum farelo de comida. Meu lado da frente está quase colando ao de trás, talvez na falta de você eu precise mesmo me juntar mais a mim mesma. Minha mesa está lá, meu lixo está lá, minha cadeira, a menina grande que fala igual a um homem, a gordinha solícita que não pára de me olhar até que eu olhe para ela, sorria e diga bom dia. Está tudo lá, mas você, mais uma vez, não está aqui. Vou para o banheiro e choro, que novidade? Mas dessa vez porque me olho no espelho, e isso também me lembra você. Eu era sua, a sua menina, a sua criança, a sua mulher, a sua escritora predileta, a sua parceira de dar risada de programas estúpidos que passam de madrugada na TV, a sua namorada sensível que tinha medo de vomitar e de amar demais, assim como você. A sua melhor amiga pra sentar num banco de praça e falar mal de todo mundo, pra perder um trem na Itália e ainda por cima sentar num chiclete fresco ou pra cuidar do nosso porquinho de pelúcia. Eu era a mulher que encaixava a cabeça nas suas costas e sabia que tinha nascido a partir de você, eu era a mulher que esperava sofridamente você voltar mas nunca deixou de te amar mesmo quando você ia. Todo mundo me fala que eu preciso ser minha, inclusive pra ser sua, mas eu não deixo de olhar para o espelho e ver uma metade de gente, uma metade de sonho, de sexo, de alegria e de futuro. Que se foda a auto-ajuda, que se fodam os livros com homens carecas, que se foda o terceiro olho (do cu?) e que se foda a psicologia: eu sou mesmo metade sem você e que se foda! Se antes de você aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que você existia, como eu posso não te amar agora que você tem forma, sorriso, coração e nome?

Mais uma festa

Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligações, é… até que sou bem amada. Calma, você é amada, tá vendo? Não precisa mais ficar em casa de pijama assistindo Woody Allen, você é amada. É que dá uma preguiça de existir. Comemoro que estou viva, no meio da confusão que é comemorar ter amigos, comemorar a blusa nova, comemorar que tenho emprego e, por isso, amigos e roupa nova, comemorar que fiz progressiva na franja, comemorar que não sou um alien e consigo socializar, comemorar que existo dentro de uma comunidade que me aceita e até sai de casa pra tentar achar uma ruazinha difícil pra caramba. Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, fiz bem meu papel de “olha que legal, estou aqui, mais um ano se passou e eu continuo achando que vale a pena estar aqui”. Um a um vão embora, e eu somando a quantidade de amor que vai embora. Sobram os loucos e suas insônias, sobra o garçom cansado que não agüenta mais os loucos e suas insônias. Sobra uma latinha num canto, seis cadeiras solitárias formando uma rodinha animada, muitas bitucas que insinuam um animado papo que não existe mais. Sobro eu, novamente. A vida, a noite, as festas, tudo continua igual. O mesmo fedor de cigarro no cabelo, o mesmo homem bonito me olhando de longe, o mesmo homem bonito que, quando chega perto e abre a boca, eu gostaria que tivesse permanecido longe. O mesmo ânimo em pertencer, a mesma alegria em comemorar, a mesma festa em se encontrar. Mas ninguém sabe exatamente ao que pertence, o que comemora e muito menos o que encontra. Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas. Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a música da semana, sigo em frente. Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração é sempre esse saco furado e negro. Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade. É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar. Não agüento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gírias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente. Não agüento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem é você. Eu não acredito mais em sumir do país, em trocar de emprego, em mudar de religião, em ficar em silêncio até que tudo se acalme, em dormir até tarde, no fim de tarde na Praia Preta, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha até que bacana que gosta de jazz e restaurantes charmosos, no curso de história, em comprar o novo CD mais master animado do mundo, em ler John Fante longe de tudo, em ser dondoca, em fazer progressiva, em fazer boxe, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em não ser nada. Mas eu continuo acreditando na gente, eu continuo acreditando que tudo sem você é distração e tudo com você é vida. Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna. Como eu queria saber seu nome, seu cheiro, sua rua. Assim como um dia um samba saiu procurando alguém, este texto tem a missão de sair em sua busca. Eu não escrevo por dinheiro, vaidade, pretensão ou inteligência. Eu escrevo porque eu sei que é assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque não posso mais agüentar que a festa acabe.

Tati Bernardi

sábado, 30 de junho de 2007

Recebo resposta malcriada: minha mensagem a você não chegou. “Sorry”, mentia, “I am afraid I wasn’t able to deliver your message”. Dizia, ainda, que não conseguiu encontrá-lo. Não é exatamente uma surpresa, pois sei que seu provedor não vai com a minha cara. Ainda que não seja surpresa, uma decepção ainda é uma decepção.
Mais uma mensagem minha voltou. Pelo menos essa voltou. E as outras que vão, não voltam, mas tampouco chegam ao seu destino? Tantas haverá que escrevi, postei, enviei, mas sem que eu soubesse, não foram recebidas. E, pior, há as que chegaram diferentes. A mensagem foi recebida, mas o que é lido não foi o que escrevi, mas o que o outro queria que eu tivesse escrito. Ou esperava. Ou talvez nem se deu ao trabalho de ler direito. Ou não entendeu. Ou não quis entender. Ignorou. E assim, todos os dias, tantas mensagens ficam, passam e se perdem em uma multidão de mal-explicados, mal-entendidos, não-me-toques. Se já é difícil saber qual mensagem quero mandar, mais difícil ainda fica quando não sei o que será recebido. Se recebido for.
Mais uma mensagem minha se perdeu. E penso não mais nas mensagens perdidas, mas nas que você me mandou e alegraram meu dia, nem sempre pelo conteúdo, mas pela delicadeza da forma (adoro quando você é delicado ao escrever, deveria praticar mais; ou será que não, será que isso sou eu tentando interferir na mensagem que você manda para mim?). Será que também meu provedor por vezes se intromete na nossa troca de palavras e deixa de entregar mensagens suas para mim?
Mais uma mensagem minha para você voltou. E fico pensando se você ainda lê as mensagens que chegam. Ou se lê e não gosta, por isso se cala. Ou se lê e acha que me repito. Ou se lê e acha que me perdi e vem me procurar. Ou se enjoou de mim, como é de seu feitio. Para que escrevo, para que coloco meus dias, ainda jovens, em cadeira, caderno, tela? Por que tento tocar sem saber bem qual música sairá deste desafinado teclado? Por que junto palavras ao léu, senão para imaginá-lo lendo-me?
Mais uma mensagem minha para você se perdeu. Será que o perdi de vez? Ou será que esta você receberá?

terça-feira, 29 de maio de 2007

SAUDADES!!!!

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas...."

domingo, 27 de maio de 2007

"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."

Saudades que dói no coração!
Um dia me sentei em frente a um computador e comecei a digitar, não tinha nada preparado, então resolvi simplesmente escrever, sobre qualquer coisa, então, deixei todos os sentimentos de lado e comecei a pensar em nada, mas nada era possível aparecer, aí nada passou a ser difícil de entender, então resolvi pensar em tudo, mas tudo que vinha não era bom, tudo era chato, sem final. Tentei o amanha, mas amanha acordará tarde, vai perder muito tempo, então pensei em ontem, e ontem já havia passado e não deu para vê-lo direito, aí pensei, só me resta o agora, mas agora tinha nada, que era difícil, e tudo que era chato. Então decidi que agora pararia de digitar.


Otávio Junior


"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,porque dele procedem as saídas da vida."

Pr 4.23

Parece que o mau humor está na moda


É, parece que o tal do mau humor anda mesmo na moda. Impressionante. Aquela “cara feia” pode ser vista em quase todos os lugares. Seja na padaria ou nos pontos de ônibus, todos andam com a síndrome do mau humor. Os rostos das pessoas no trânsito, nos restaurantes ou na rodoviária: todos são iguais, sem nenhuma criatividade facial. Quase não há distinção. Acho que o nosso mundo está vivendo uma carência de alegria, isso sim.No trabalho tudo desemboca no mau humor. O computador lento, mau humor. A caneta que falha, mau humor. O telefone ocupado, mau humor. A folha de papel que cai suavemente no chão, mau humor. O café forte, mau humor. Tudo é motivo para o mau humor. Daqui a pouco, para conquistar uma vaga no mercado de trabalho vai ser preciso ser mal humorado. Isso sem falar no chefe, né? Aliás, a própria palavra – chefe – já vem com uma vaga analogia ao mau humor. E olha que não existe mau humor mais contagiante do que o do chefe. Logo que ele chega, acabam-se as piadinhas, as brincadeiras, o barulho. Com o seu mau humor, chega o silêncio. Curiosidade: parece que estamos vivendo a cultura de que chefe bom é chefe mal humorado.Credo.Mas, certo dia, no telefone... - Bom dia! ... (Silêncio) - Tudo bem? - ...(Depois de mais um longo silêncio). Em que posso ajudá-lo? – pergunta, do outro lado da linha, uma voz sem vida.Que mau humor, meu Deus! Mal sabem eles (os terríveis mal humorados) que esse estado de espírito desgasta a vida. Tudo fica muito chato, quadrado. A mulher bonita perde totalmente o seu encanto. O mau humor empobrece a alma e o bolso. O mau humor absorve todas as energias possíveis. O mau humor é a pedra no caminho para a realização dos sonhos. O mau humor te deixa chato, anti-social. O mau humor também mata, assim como o cigarro e os torresmos bem gordos. Mas é melhor terminar essa crônica por aqui. Não quero deixar ninguém mal humorado. Juro.

Vinícius Novaes


O que nos chama para dentro de nós mesmos
É uma vaga luz, um pavio, uma sombra incerta.Qualquer coisa que nos muda a escala do olhar e nos torna piedosos como quem já tem fé.Nós que tivemos a vagarosa alegria repartidaPelo movimento, pela forma, pelo nome,Voltamos ao zero irradiante, ao vero que foi grande, o que foi pequeno, aliás o que não tem tamanho, mas está agora engrandecido dentro do novo olhar.
Fiama Hasse Pais Brandão

Memória...



Quem é esse cara? Bom, deixe-me lembrar o que fiz ontem à noite. Tá difícil. Ai. Quem é ele? Dorme tanto. Ei, onde estou, não é essa minha casa. Será a dele? Ai. Vou dar uma volta. Tem um gato. Odeio gato. Que bagunça! Poderia ser minha casa. Vamos ver as roupas dele. Vixi, que armário apertado. Ai. Calma, Amelinha, tenta se lembrar, faça força. A cabeça nem tá doendo nem nada. Não bebi. Acho que fui em um show. Sim, fui em um show. Epa, tem uma foto minha em cima da mesa. Eu e o sujeito, meu deus, é mais sério do que pensava. Quem é ele? Como dorme! Que mais, tem uns CDs bons, Bach, gosto de Bach. E esse aqui, do Riachão? Não acredito, estou procurando o meu disco do Riachão há tanto tempo e cá está. Safado. É o meu, eu sei, tinha um dobradinho na capa. Ei, estou reconhecendo outros. Será que ele é ladrão de CDs e me raptou? Não, não faz sentido, ele teria me amarrado e não estaria dormindo, babando, com cheiro de cerveja amanhecida. Odeio cheiro de cerveja amanhecida. Como café, é bom na hora, mas me incomoda aquele gosto na boca depois. Ai. Vou escovar os dentes, passar água no rosto, e me mandar daqui rapidinho. Estranho, essa é minha escova, minha pasta, meu hidratante, shampoo. Vixi, trouxe isso tudo só por uma noite? Ai. Vou tomar um banho. Não tomo banho de manhã, mas hoje estou precisando. Quem sabe entenda algo. Ele continua dormindo, que sono pesado, que horas são? Vou embora. Cadê meu carro? Será que é melhor acordá-lo, pedir que me leve para casa? Sei lá, vai que é um psicopata e quer me trancar aqui para sempre. E que bairro é esse? Que árvores são essas? Qual ônibus que me leva para o centro? E, principalmente: o que estou fazendo aqui? E aí eu vejo. Está lá. O meu cobertor de estimação, o carnerila, e o boneco que guardo desde criança, o Diordgi Dabliu, como não vi antes? É ele, é ele sim. Meu deus, esse cara é meu marido.
Luciana Pinsky

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Silêncio...

"Eu só quero apenas , uma pausa de mil compassos..."

Porque?

Porque você ainda insite tanto em me quer?
Será que você ainda me ama?
Será que você apenas sente falta dos meus carinhos?
Ou será que eu sou apenas uma lembrança boa?
Bateu saudade ou vontade de me quer?
Gostaria de saber!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

BEIJOS A TRÊS

Nadir Silveira Dias

Eu sabia que existia. Por ouvir falar, pela literatura, pelo cinema, televisão e outros locais tais que se prestam para as “crianças” chegarem em casa às seis da manhã.Mas nunca tinha visto. Em público, especialmente.O cenário era entre carros estacionados, a calçada e a faixa de rolamento na Rua Riachuelo, quase Dores, amada Porto Alegre.Duas dessas crianças que já têm bunda, seios e corpos mais lindos que muitas dessas divas televisivas, uma delas (calça azul) grudada numa outra de sexo masculino – um guri menor que elas – e passando muito bem (Que inveja!).Mas até aí tudo bem (?), que os costumes se ampliam, se relaxam e a sociedade é como é. E pronto!Após mais de uma volta no quarteirão para tentar estacionar, a surpresa: A que beijava despegou-se do guri e outra (calça vermelha, igualmente jovem e roliça) imediatamente grudou-se nele para beijá-lo. Juntas, apenas separadas porque o “cara” não dispunha de duas bocas.Caso dispusesse, por certo estariam ambas a beijá-lo ao mesmo tempo.

Aniversário

Era um dia qualquer, ainda que segunda-feira. Nada o diferenciava dos demais, a não ser que era o dia de se voltar à rotina. Estava eu com o cérebro ainda no domingo, quando ela surgiu na minha frente. Obviamente, não nos víamos desde sexta-feira. Nem passou pela nossa cabeça que houvesse algum motivo pra nos vermos ou nos falarmos no fim de semana. Mas agora estávamos ali, numa segunda-feira que significava a volta das coisas à sua normalidade. Ela se deparou comigo, e sorriu. Imediatamente sorri também, e o faria mesmo se não quisesse. Depois dos tradicionais beijinhos no rosto (três, que é pra casar), ainda me deu um abraço. Apertado como há muito eu não recebia. Como se isso fosse natural, como se ninguém estivesse vendo. Como se nos amássemos, como se tivéssemos pensado no outro o fim de semana inteiro. E no entanto, nada disso era verdade. Aconteceu apenas que ela era afetuosa por natureza, e abraçava com entusiasmo todo mundo que não lhe fazia mal. Outra colega estava chegando e viu a cena. Estranhou o forte abraço. Veio até mim e, um tanto constrangida, perguntou: - Mas então, hoje é seu aniversário?

Henrique Fendrich

Gostar de quem gosta de mim...

A muito tempo venho a pensar o que eu estou fazendo com minha vida?Se estou fazendo o certo? se estou sendo feliz?Mais nesses desalentos da vida, eu me encontro as vezes infeliz!As vezes amamos pessoas que não nos amam e então sofremos por isto.Eu não entendo como alguém pode desprezar um amor tão puro e verdadeiro?Você encontra razão para isto?Mais Hoje me dei um tempo pra pensar, pensar na minha vida...Decidi então que a partir do próximo amanhecer,vou mudar alguns detalhes para ser a cadanovo dia, um pouquinho mais feliz. Um pouco não muito mais feliz...Pra começar não vou olhar pra trás o que passou, passou já é passado...Pra que remoer o que passou?Refletir sobre aqueles erros sime então fazer deles um aprendizadopara o “meu hoje”..."E daí concerteza serei muito mais feliz....Vou me amar intensamente... e esquecer as pessoas que me fazem mau...A cada novo dia a vida nos dá uma oportunidade de plantar coisas boas e colher frutos maravilhosos...Por isto vou aproveitar, de hoje em diante todos os dias da minha vida.Vou me preocupar mais comigo do que ficar preocupada com que os outros vão falar ou sentir.As vezes você acaba esquecendo que você existe..Faz de tudo pelo outros e a única coisa que acaba restando em você é um rombo imenso que dói lá no fundo deixando um vazio imenso na sua vida.Isso acontece quando pessoas em quem confiamos... não estão interessados com nossos sentimentos... e Assim acabamos nos magoando...Eu hoje quero descansar, Chegar até a praia e ver, Se o vento ainda está forte, eu faço isso pra esquecer...Eu deixo o vento me levar,e deixo a onda me acertar.Pra ver se ela me leva pra onde eu sempre quiz viajar.

Ana marrie

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Um dia especial!!!

*Josiele , Nanda & Eu*
"E vai no chão,e vai no chão..chão ..chão.."Rs...
Sexta -feira 13 !!!
Rolou de tudo...hehehe

Eu...


Acordei muito bem hoje,estilo mulherzinha.Acordei,tomei aquele banho quente pois o frio estava demais de manhã,fiz aquele café delicioso,só faltou a borda de chantili.Não resisti e peguei o telefone,precisava escutar a sua voz de qualquer maneira antes de você voar pra bem longe de mim.Nossa!que voz logo de manhã,linda,rouca,entusiasmante,isso me fez começar muito bem o meu dia.O vôo atrasou e vc ah e vc dizendo que iria tomar aquela cervejinha, o raio da cervejinha logo de manhã, eita vicio desgraçado. Mais nada mais iria estragar o meu dia e que dia e a cervejinha tomou?.Só de acordar cedinho e escutar a sua voz isso foi demais pra mim. Embora as pessoas digam que eu,logo eu estou apaixonada .Realmente nem eu sei,mais dizem que está escrito na minha testa,será que tem uma plaquinha na minha testa com letras garrafa is florescente dizendo "eu estou apaixonada",realmente gostaria de saber o porque que eles dizem isso ,mais não sei se eu quero saber porque eles acham isso. Já que você não está nem ai pra isso, também não vou me importar muito.Mais será que eu estou apaixonada como eles dizem? isso me preocupa.Mais se estiver, o sentimento é meu,a paixão é minha.Gostaria sim de saber como é está apaixonada, tanto tempo que eu não me apaixono, nem sei mais o que é isso.Mais me pego escutando aquela voz bem baixinha dizendo:"não se apaixone por mim." "eu sou apaixonavél." Que confunsão doida, é apaixonavél e não quer que ninguem se apaixone?
Não importa, vou vivendo e vendo o que vai me restar.






domingo, 20 de maio de 2007

Mulherzinha


Hoje eu acordei mulherzinha. Mulherzinha, mulherzinha, mulherzinha. Estranho. Vesti-me cor-de-rosa. Comecei a ler romance meloso, assisti três novelas diferentes. Não me importei quando me questionaram se eu era "senhorita" ou "senhora". Acordei assim. Sem vontade de falar o que penso porque poderia irritar os outros. Sem paciência de discutir ao ouvir alguma das costumeiras barbaridades do dia-a-dia, cansada só de me imaginar nadando um pouco que fosse contra a corrente. Morrendo de preguiça de levantar peso, abrir garrafa de vinho, trocar a lâmpada queimada da sala. É. Acordei mulherzinha, decidi agradar a todos, sorrir sem motivo, concordar, manter a voz macia. O que eu mais desejava era receber um abraço bem apertado de um moço que dissesse que iria cuidar de mim, que eu não precisaria me preocupar com absolutamente nada. Então eu tomei uma aspirina e passou.
Hoje eu acordei mulherzinha. Mulherzinha, mulherzinha, mulherzinha. Estranho. Vesti-me cor-de-rosa. Comecei a ler romance meloso, assisti três novelas diferentes. Não me importei quando me questionaram se eu era "senhorita" ou "senhora". Acordei assim. Sem vontade de falar o que penso porque poderia irritar os outros. Sem paciência de discutir ao ouvir alguma das costumeiras barbaridades do dia-a-dia, cansada só de me imaginar nadando um pouco que fosse contra a corrente. Morrendo de preguiça de levantar peso, abrir garrafa de vinho, trocar a lâmpada queimada da sala. É. Acordei mulherzinha, decidi agradar a todos, sorrir sem motivo, concordar, manter a voz macia. O que eu mais desejava era receber um abraço bem apertado de um moço que dissesse que iria cuidar de mim, que eu não precisaria me preocupar com absolutamente nada. Então eu tomei uma aspirina e passou.


segunda-feira, 14 de maio de 2007

Feio seu cara de melancia! aaaaaa..rs

Truco na melancia Por Luciana Pinsky

Truco. TRUCO. TRUUUUCOOOOOOOOOO! Olhava sua cara de melancia e só pensava em trucar. Não dava para voltar, só restava avançar, pedir mais, ó ambição. Você me fazia trucar. Querer trucar. Eu costumo adotar a cautela, observar antes de agir, de subir na mesa, de exigir mais, três, seis, nove. Mas olhava e não via. Cara de melancia. Se ainda fosse tangerina que é fácil de saber o que tem por dentro, basta uma apalpada na casca... Ou banana, que vai ficando mais pintadinha (a d'água) ou manchada (a prata) na medida em que o tempo passa.Mas melancia... poxa melancia... como adivinhar o interior de uma melancia? Dizem que o segredo é bater na base e ouvir um barulho oco: sinal de fruta suculenta. E a doçura, quem garante? E como usar dessa técnica tão subjetiva no meio daquele jogo e você com a cara de melancia? Não tem como escolher, é chute mesmo. Como saber se está boa? Não dá, não dá. Ah, mas como eu queria trucar. Mesmo sem ao menos desconfiar o que me reservaria por dentro. Se o vermelho já estaria passado, farinhento, se a quantidade de caroços era exagerada. Sabia nada, era uma aposta na névoa. Não era uma opção. Tinha de trucar. Eu queria tudo. Eu queria mais. Que cartas escondia você nas mãos? Manilha? Zap? Nadinha de nada? Eu ignorava. Sabia, porém, que a melancia na minha frente me dragava ao ciclone nem sei se bom ou mau; inevitável tempestade, sábio vovô. Minha vida, uma pasmaceira, e meu avô, pescador, sempre dissera que depois da calmaria, tormenta. Minha mão não era especialmente boa. Podia perder a rodada, que até então estivera equilibrada. Mas perder o jogo por desistir, por jogar as cartas fechadas sem saber o que você tinha... Poxa, não dava. Preciso tentar, melhor morrer sabendo a ignorar retirando-me, como um general que recua ao ver o cavalo do adversário. Chegamos até aqui, não há volta. Eu truco, eu truco, eu truco, truco, truco, vou continuar trucando. Até ganhar ou perder. Truco. Até sair rindo ou chorando. Truco. Até levar meu triunfo, meu prêmio ou recolher-me só, pensar no que aconteceu e partir para outra. Mas você com esse rosto de melancia que não se entrega há de ter um deslize, um segundo de verdade, que dará um sinal e eu vislumbre o vermelho do interior. Estará mais para o vinho, forte, embriagante, convidativo? Ou esbranquiçado, cheio de fibras, difícil? Receptivo à minha boca faminta ou, ao contrário, rejeitará minha aproximação oferecendo-me um gosto enjoativo, óbvio, sem-graça?Enquanto tento adivinhar, continuo trucando, aos gritos, aos sussurros, ora implorando, ora exigindo, mas sempre obcecado pelo vermelho-redemoinho da sua polpa impenetrável.


"Eu prometo te dar carinho mas gosto de ser sozinho livre pra voar..."

Troca...

Troca-troca Por Luciana Pinsky
Nós éramos um casal dissonante, vivíamos aos trancos como bicicleta em rua de paralelepípedo. Até que por puro acaso encontramos nossa combinação perfeita: eu bêbada e você sóbrio. Viramos goiabada com queijo branco, café com chantili, acarajé com vatapá. Acordo inédito esse, visto que eu me recuso a beber e você se recusa a parar de beber. Porém daquela vez, sei lá por qual motivo, aconteceu. Experimentei algo que me deram, estava agradável, refrescante e lá fui eu. Você, estranhamente, recusou. E, pronto: o pedal da bicicleta ficou macio, como a pele daquela atriz de porcelana brilhando na tela. Não, não reclame, não é difícil apenas para você, querido. Descobrir que fico muito mais interessante quando fujo de mim foi um pequeno choque. É duro admitir, eu uma cartesiana disfarçada de romântica. Eu, uma defensora do mundo ideal, mas que me divirto mesmo nas sombras. Com umas dosesinhas, gosto mais de mim. Rio mais. Converso mais. Beijo mais. Você, meu bem, é o oposto. Quando bebe arrasta voz, ronca, morre de ciúmes, fica meloso a mais não poder. É praticamente uma mulher histérica. Ri sem parar, não fala coisa com coisa, se faz de bobo, justo você, tão inteligente. Pronto, está instituído. Eu vou renunciar ao chá de capim santo do fim da tarde em favor de uma pequena, porém certeira, dose de uísque. E você, por favor, troque, de vez, o chopp pelo suco de laranja. Só assim viveremos um delicioso passeio de bicicleta no parque de Pituaçu.